segunda-feira, 13 de maio de 2013

SITUAÇÕES DE DIFICULDADES VIVIDAS POR PROFESSORES COM ALUNOS EM SALADE AULA E POSSÍVEIS TRANSFORMAÇÕES DESSAS SITUAÇÕES EM OPORTUNIDADE DE CONSTRUÇÃO DE CONHECIMENTO

Professor (1): Minha experiência foi em uma escola EMEF “JOSÉ ANTÔNIO DE CARVALHO” em um distrito de Guaçuí/ES, os alunos da 8ª/9º ano que estudavam no vespertino, foram convidados a frequentar a  escola no matutino, todas as quartas feiras, onde trabalhei no espaço do laboratório de informática, que também é biblioteca, usando as atividades da prova Brasil de anos anteriores, pesquisando e complementando atividades baseada nos exemplos da prova Brasil. Esse trabalho foi feito no segundo semestre. Onde podemos observar uma melhora no Ideb de 2011, que foi o ano que foi feito o trabalho, vejam a tabela abaixo:
EMEF " JOSÉ ANTÔNIO DE CARVALHO"
IDEB OBSERVADO
METAS PROJETADAS
2005
1,7
2007
2,5
2009
3,7
2011
4,7
2007
1,8
2009
2,1
2011
2,4
2013
2,9
2015
3,4
2017
3,6
2019
3.9
2021
4,2
Fonte: Portal do INEP.

Comentários: A idéia feita na sua escola é excelente.
Já cheguei a discutir sobre isso na escola que trabalho no horário da manhã e até da tarde, pensando em melhorar o desempenho dos alunos na olimpíada de matemática.
Mas duas situações impediram: espaço na escola, uma vez que não tem salas desocupada no contra turno para ser usada e numa delas a biblioteca é muito pequena. E a falta de professor para fazer esse trabalho, e não falo no fato de o professor ser voluntário, mas sim no fato de que temos que trabalhar até 3 horários para vivermos como professor e desta forma não temos o tempo disponível.
Mas se esses dois obstáculos não existirem na escola, acredito que esse é o caminho certo para melhorar o interesse e o desempenho de nossos alunos na matemática, seja em olimpíada, prova Brasil ou sala de aula

Professor (2): Estou neste momento saboreando as dificuldades dos alunos da 3ª série do Ensino Médio com relação aos descritores do SAEB. Simulado aplicado em todas as escolas do Ensino Médio do Estado. Ao fazer a correção das questões, percebi que muitos descritores não foram trabalhados com os alunos. Desta forma, elaborarei atividades diversificadas, através de situações problema similares aos apresentados, contemplando os descritores que merecem destaque tentando resgatar os não apreendidos até então. Espero conseguir êxito nas próximas provas externas que virão.
Podemos observar que fez um trabalho diferenciado e que deu certo. O que precisamos é conscientizar nossos professores de que quando trabalhamos pra valer e levamos a sério,funciona!
Comentários: Não tenho muita experiência com terceiros anos, mas acho a sua ideia válida. Siga em frente que terá exito com certeza.
Professor (3): A situação que irei relatar ocorreu no ano passado, no Curso Online 2 desta fase do Multicurso. No Módulo 3 desse curso, a atividade proposta aos cursistas foi a participação num Wiki.
Num chat no início deste módulo, uma cursista demonstrou interesse em saber como funcionava um Wiki, como identificávamos quem estava fazendo as postagens, se tínhamos como recuperar postagens apagadas, dentre outras questões, então a convidei para ser a “editora” do Wiki da sua turma e ela aceitou. Como “editora”, expliquei que ela poderia corrigir erros de ortografia, trocar parágrafos de lugar de forma a tornar o texto mais coerente e apagar assinaturas dos cursistas (pois vários assinavam as postagens, mesmo após terem sido enviadas orientações sobre isso). Ela só não deveria apagar postagens, a não ser que estivessem repetidas. Caso algum cursista apagasse todo o texto, eu iria recuperá-lo.
A professora gostou da ideia e começou a cuidar muito bem do Wiki da sua turma. Eu acompanhava as edições que ela fazia no texto. Certo dia, quando abri o Wiki, encontrei somente uma postagem em vermelho, com letras grandes, dizendo aos professores que eles não deveriam apagar o texto todo para colocarem o texto deles, que eles deveriam respeitar as contribuições dos outros.
Verifiquei que um cursista havia apagado tudo e que a “editora” tinha deixado aquele recado. A mesma estava online, então mandei uma mensagem perguntando se ela poderia entrar no chat naquele momento.
Ela entrou e me contou que estava muito chateada porque os professores tinham apagado o Wiki todo e que ela tinha deixado um recado lá. Eu disse que tinha visto e expliquei que é comum algum cursista apagar tudo e que isso geralmente não é intencional, quando ele vai digitar e já encontra texto na caixa, pode acontecer de apagar por falta de conhecimento sobre como inserir a sua contribuição. Disse que era por isso que o Wiki precisava ser acompanhado de perto, que eu iria recuperar o texto, que ela estava sendo uma boa "editora" e que quando isso ocorresse novamente (brinquei dizendo que certamente ocorreria), que ela poderia aguardar que eu iria recuperar o texto e orientar os cursistas novamente sobre como contribuir no Wiki.
Ela ficou satisfeita e até riu do comentário que deixou, disse que quis brigar com os colegas de turma, mas que depois da nossa conversa compreendeu melhor a situação.
Comentários: Sabemos que as ferramentas existem para serem apropriadas, mas infelizmente nem todos querem apreciá-las, preferem continuar no modismo. Considero o wiki uma ferramenta importante na construção de conhecimentos, pois muitos podem contribuir com pensamentos que se divergem e/ou convergem até que todos possam chegar a um consenso. Sendo assim, achei muito interessante você dar incumbência à cursista de controle e observação do wiki para não causar outros transtornos no decorrer da atividade. Acredito que desta forma ela mesma procurou se integrar mais com a mesma. Acho difícil acompanhar os comentários. Sua experiência não apenas mostra o resultado positivo da professora que aceitou o desafio. Mas o seu também que aprendeu a usar a ferramenta e divulgou o seu conhecimento. Muito legal essa experiência, podemos ver que na prática a diversidade de opiniões torna a wiki um texto de opiniões muito contraditórias ou não, e é isso que faz o produto final algo muito interessante.
Professor (4): A maior dificuldade hoje em se ensinar matemática é um currículo extenso, com conteúdos muitas vezes inútil, que toma todo o tempo do professor e aluno, levando a deixar para trás as vezes conteúdos importantes (pois perdemos muito tempo com revisões de conteúdos que nossos alunos deveriam saber mas não sabem) que fazem falta no dia a dia do futuro de nossos alunos.
O estado há alguns anos atrás reformulou o currículo básico de ensino, eu esperei com ansiedade, achando que alguns conteúdos matemáticos desnecessário ao nosso dia a dia fossem tirados do currículo para que pudéssemos dar uma atenção maior ao conteúdo que realmente importa a realidade atual e futura de nossos alunos e de nossa sociedade.
Mas para minha surpresa mantiveram tudo e mudaram apenas as ordens, complicando ainda mais a vida do educador uma vez que os nas editoras não seguiram a alteração da ordem feita (mesmo porque alguns conteúdos se aplicados na ordem colocada só dificulta a aprendizagem de nossos alunos ao invés de melhorar).
Para mim a solução desse problema esta numa nova reformulação do conteúdo básico do currículo da matemática. E se não dá para termos todos os professores de matemática envolvidos nesse processo, um bom começo é juntar os professores de matemática ligados ao multicurso para sugerir e quem sabe trabalhar nessa nova reformulação.
Mas isso por hora é só um sonho, uma vez que ainda não vi nem se quer fazer uma pesquisa direta aos professores de matemática sobre as vantagens e desvantagem do novo currículo de matemática.
Comentários: Concordo plenamente com você, aliás acho que esse deveria ser o eixo norteador das discussões acerca do ensino-aprendizagem de matemática para o Estado do Espírito Santo e para todo o país. 
Professor (5): A experiência que vou compartilhar me incomoda há muitos anos e acredito que esse ano consegui ultrapassar essa barreira. Sempre que trabalho com geometria métrica espacial (cálculo de área e volume de sólidos geométricos) sinto que os alunos sentem muitas dificuldades, pois não conseguem relacionar os modelos matemáticos com situações reais. Em anos anteriores trabalhei com os sólidos em acrílico, com sólidos feitos de palitos de churrasco, construção de sólidos planificados, caixas embalagens,etc...mas sempre sentia que ficava um hiato entre esses modelos e as situações reais.
No final do ano passado, quando estava fazendo compras de natal, vi algumas embalagens de propaganda de uma determinada marca em forma de cubos e prismas de base hexagonal(embalagens com cerca de 50 cm de altura) e resolvi pedir ao lojista que me cedesse tal material para trabalhar em sala.
Esse ano, entrei em sala e sem falar nada com os alunos, comecei a montar tais embalagens. Assim que montei as embalagens, desmontei, recortei e colei tais embalagens no quadro. Os alunos apenas observaram e a partir de então senti que a experiência fluiu bem, pois desde então eles conseguiram ultrapassar a barreira do virtual para o real.
Comentários: Observa-se que com um pouco de determinação, podemos caminhar a favor de uma educação significativa. Essas questões vão muito além do que de fato é discutido. Hoje já encontramos muitos casos de sucesso na educação, que poderia ser utilizado também como referência.
Professor (6): No ano de 2011, cheguei ao 3º ano do Ensino Médio para dar aula e senti certa dificuldade naquele dia, pois todos estavam apreensivos porque em sequência da aula de Matemática seria a aula de Língua Portuguesa em que aconteceria a apresentação de livros literários e essa apresentação ocorreria em forma de sorteio, o qual a professora realizaria.
Diante desse tumulto, percebi que não adiantaria confrontar com eles obrigando-os a voltar toda a atenção para a aula de matemática porque eu não obteria sucesso, visto que eles não estavam prestando devida atenção a aula. Como eu estava trabalhando o conteúdo de Probabilidade com a turma, sugeri que fôssemos calcular as probabilidades de sorteio de cada um para a apresentação dos Livros na aula de Língua Portuguesa. Assim, consegui uma solução para o meu problema e consegui fazer com que a turma participasse da aula.
Comentários: você encontrou uma ótima estratégia para resolver o conflito com a turma de 3º ano. Ao abordar a situação que os alunos estavam vivenciando como contexto para a sua aula, o interesse deles foi despertado. Eles devem ter gostado de saber as chances que tinham de ser sorteados para a apresentação.